sexta-feira, 25 de maio de 2012

TECNOLOGIA ASSISTIVA AUXILIA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL


Dispositivo feito em Taquara fotografa e transforma informações em áudio.


Deficiente visual, Carlos Alberto Wolke mostra como funciona o Vocalizer, que ele mesmo desenvolveu

Um aparelho do tamanho de um celular promete ser um grande avanço na vida de pessoas com deficiência visual. Desenvolvido por uma empresa de Taquara, no Vale do Paranhana, o dispositivo fotografa e transforma em áudio informações como valores de cédulas de dinheiro, cores, texto e até mesmo códigos de barras de
produtos.
Entenda como funciona o Vocalizer
Equipamentos que cumprem uma das funções do Vocalizer, como foi chamado o aparelho produzido pela empresa Pináculo, existem no mercado. No entanto, nenhum deles reúne tantas funcionalidades â?" muito menos em um dispositivo pequeno, portátil e de fácil manuseio.
Por seu caráter inovador, o projeto da empresa de Taquara recebeu R$ 1,3 milhão de subvenção da Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Finep).
Deficiente visual há oito anos, o diretor da Pináculo, Carlos Alberto Wolke, buscava para si um aparelho que lhe desse maior autonomia no momento de realizar tarefas cotidianas. Procurando no mercado, notou que
não havia nada semelhante ao que precisava.
Se não havia como comprar, o empresário optou por desenvolver o projeto. Foram três anos trabalhando no protótipo, com investimento de R$ 1,9 milhão.
" Eu precisava de algo que ajudasse em tarefas simples, como comprar algo. Eu queria saber quanto eu tinha de dinheiro na carteira, ou se estavam me dando o troco certo?" lembra Wolke.
Muito além de dinheiro, o software do Vocalizer reconhece e reproduz em áudio textos como livros, jornais e cardápios de restaurantes, lê arquivos digitais, funciona como tocador de mp3 e calculadora, detecta lâmpadas ligadas e grava recados em áudio.
Todas as informações são reproduzidas por um altofalante do aparelho, e o usuário tem a opção de usar fones de ouvido.
Novidade terá preço inicial de R$ 4 mil
O projeto está em fase final de desenvolvimento. O protótipo passa por melhorias, e deve chegar ao mercado em três meses. Custará R$ 4 mil, valor que deve baixar após o lançamento. Toda a tecnologia foi desenvolvida pela Pináculo e possui software livre, permitindo que sejam construídos aplicativos para o sistema.
Para a Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs) um dispositivo do tipo pode facilitar toda a rotina de uma pessoa com deficiência visual. De acordo com a gerente da entidade, Fabiana Silva, não se tem
notícia de algum produto no mercado que execute as tarefas propostas pelo Vocalizer.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

EXTRA EXTRA EXTRA

Transporte público coloca em risco vida de cadeirantes em São Paulo


iG acompanhou um deficiente físico e notou que motoristas e cobradores não sabem utilizar os elevadores dos ônibus adaptados na capital.


Deficientes físicos ou pessoas com mobilidade reduzida enfrentam na cidade de São Paulodesafios muitas vezes maiores dos que os já vividos após uma doença ou fatalidade que limitou seus movimentos. Vítima da paralisia infantil quando tinha apenas 8 meses de vida, Juracir Barbosa da Silva, de 52 anos, chega a classificar sua batalha contra paralisia mais fácil do que uma simples atividade diária: utilizar o transporte público.

Silva tem motivos para desacreditar no sistema de transporte público da capital. Ele vende balas em um cruzamento da zona sul há mais de 30 anos e, por isso, utiliza pelo menos quatro ônibus diariamente. “Não tem um dia que não discuto com algum motorista ou cobrador. Às vezes preciso implorar por ajuda (para ser colocado dentro do ônibus)”. E foi o mau preparo de uma dupla de funcionários na região do Grajaú, onde mora há 40 anos, que colocou sua vida em risco.

Quando voltava para casa do trabalho, no dia 24 de janeiro, Silva utilizou a linha 6062/51 Jd.Castro Alves/Term.Santo Amaro, por volta das 16h. Já acostumado com os elevadores das lotações, o vendedor disse ter percebido que o cobrador não estava confiante para comandar o equipamento. “Desliguei minha cadeira e ele apertou o botão de descida. Ele não esperou chegar até o final e apertou (o botão)”, explicou. Com isso, o aparato foi acionado para remover a prancha, como na manobra de embarque.

“Senti a cadeira deslizando e comecei a gritar. Caí e senti a cadeira caindo em cima de mim. Cheguei a ouvir uma gritaria entre os passageiros e o cobrador. Era muito sangue, pensei que iria morrer.” Silva ficou no asfalto por cerca de 30 minutos esperando o resgate (como mostra a foto acima). Com a queda, ele sofreu uma fratura no fêmur da perna esquerda e levou quatro pontos no nariz.

Após passar três meses internado no Hospital do Grajaú, o vendedor contou ao iG que ainda se sentia abandonado pela cooperativa responsável pela lotação, que não teria prestado nenhuma assistência, segundo ele. “Fiquei ali no asfalto estendido. Uma sensação pior do que senti no dia em que entendi que não poderia andar. Foi a primeira vez que chorei na vida.”

Após o acidente, a família de Silva procurou a Polícia Civil e o caso é investigado pelo 101º DP, do Jardim das Embuias. A São Paulo Transporte (SPTrans) informou que o veículo envolvido no acidente, com o prefixo 6 6121, passou por vistoria no dia 16 de janeiro e segue em circulação. Tal informação comprovaria que a falha teria sido operacional (do cobrador) e não mecânica (do elevador). Procurada pela reportagem, a cooperativa Cooper-Pam, que é responsável pelo carro no acidente, não retornou para dar um posicionamento.

Dificuldades
A dificuldade de se locomover na cidade de São Paulo não é exclusiva de Juracir Silva. O iG acompanhou o trajeto do porteiro Giovani Antônio Batista, de 47 anos, também diagnosticado com paralisia infantil nos primeiros meses de vida. Para chegar ao trabalho, às 8h30, ele utiliza pelo menos quatro linhas de ônibus no intervalo de duas horas e outras quatro no final do dia.

Morador da Vila Jacuri, no extremo sul da capital, Batista explica que não pode ter apenas uma opção de caminho já que não sabe se será aceito em todos os transportes coletivos – inclusive os que têm um adesivo indicando ser preparado aos deficientes. “É normal eu estar no ponto, dar o sinal e ser recusado pelo motorista. Quero acreditar que é mais por má vontade do que pensar que ainda sofro preconceito.”

As constantes brigas com os funcionários das empresas também são comuns na rotina do porteiro. “Muita vezes cheguei a suplicar para ele me pegar, mas acabo escutando um ‘está lotado’ ou ‘estamos em cima do horário’. Como não aceito, acabo recebendo ajuda dos próprios passageiros”, explica.

A manifestação solidária de populares foi comprovada pela reportagem na última terça-feira (16). Em três das quatro conduções utilizadas, Batista foi auxiliado por desconhecidos. Já a espera da última linha, na av. Luis Carlos Berrini, o porteiro indicou três vezes a intenção de embarcar para o motorista, que já havia parado fora do ponto de ônibus. “Ele não quer parar de novo, mas como posso subir com a minha cadeira no meio da rua?”

Visivelmente contrariado, o motorista parou o coletivo e desceu para abrir a rampa ao cadeirante. Batista então entrou no ônibus. Porém, antes de chegar ao seu espaço reservado e conseguir colocar o cinto de segurança, o motorista acelerou o veículo. A reação dos passageiros foi instantânea. Irritados, eles começaram a gritar: “Espera o cadeirante colocar o cinto” ou “Tá com pressa?”. “Calma, gente. Ele está atrasado para o cafezinho dele”, disse Batista em resposta visivelmente constrangido.

Outros acontecimentos se tornam obstáculos para as pessoas com mobilidade reduzida. No caso da entrevistadora Cláudia Siqueira, de 35 anos, as péssimas condições das calçadas e obras de sua rua e superlotação no metrô a impedem de ter um trajeto mais confortável para o trabalho, na região de Pinheiros. Com uma prótese na perna direita, necessária após sofrer um acidente de carro há 4 anos, Cláudia sente fortes dores no final do dia.

“No começo (quando colocou a prótese) desisti de trabalhar e estudar. Enfrentar a cidade sem ter experiência com sua deficiência é muito arriscado”, explicou. Ela reconhece que, por não ter uma limitação aparente, acaba não recebendo tanta ajuda como Giovani e Juracir. “O fato de eu ter que mostrar e revelar minha deficiência a todos me prendeu muito.”

Para ela, os espaços reservados para deficientes no metrô precisam ser expandidos. “Acabo competindo espaço com pessoas que não têm problemas em passar alguns minutos em pé”. Cláudia ainda desabafou dizendo que sente “fora da estatística” da prefeitura. “Basta olhar as condições de transporte e locomoção da cidade. Calçadas esburacadas e nada adaptadas. São Paulo não foi feita para a gente (os deficientes).”

Treinamento

Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss), quando motoristas e cobradores são contratados pelas viações ou cooperativas de ônibus passam obrigatoriamente por um programa de treinamento determinado pela SPTrans. No entanto, os dados são contrastantes.

Enquanto a SPUrbanuss afirma que o curso oferecido deve possuir 88 horas de duração, a empresa Santa Brígida, responsável por algumas linhas da zona sul e oeste, oferece uma introdução de 21h aos novos profissionais. Como explicação, o sindicato afirmou que cada empresa/cooperativa pode escolher quais pontos do programa são intensificados de acordo com a necessidade de cada linha.

“O período pode ser curto, mas sempre há reciclagem anual do conteúdo”, disse uma representante da Santa Brígida que não sabia explicar a diferença dos dados. Para ela, o mau desempenho na hora de ativar o elevador ocorre devido “uma possível falta de prática do profissional”. “Não há tantos passageiros nas condições de cadeirantes no nosso trecho. O profissional acaba enferrujado”, concluiu.

Até o momento da publicação desta reportagem, a SPTrans não informou se há uma padronização ou itens considerados obrigatórios no curso oferecido aos novos operadores.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

NATAÇÃO COMPETITIVA

Santo André terá treinamento de natação para pessoas com deficiência

Ação amplia a parceria entre Prefeitura, governo estadual e Acide, sendo realizada por meio da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte

A partir de fevereiro de 2012, a Prefeitura de Santo André irá oferecer treinamento de natação para pessoas com deficiência física e visual que saibam nadar. As atividades, voltadas para esportistas a partir de 14 anos de idade, serão realizadas no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia, no período noturno. O objetivo deste projeto, denominado ‘Nadar é preciso’, é identificar novos talentos para o esporte e criar equipe de competição na cidade.
Isto será possível graças à ampliação da parceria entre a Prefeitura andreense, o governo do Estado de São Paulo e a Acide (Associação pela Cidadania das Pessoas com Deficiência). Esta parceria ocorre desde 2002 com o curso ‘O esporte ao alcance de todos’, realizado no Nanasa – Núcleo de Apoio à Natação Adaptada de Santo André. O projeto, direcionado à iniciação em natação, atende 240 pessoas com deficiência física, intelectual, auditiva e visual.
“É com muita felicidade que realizaremos esta nova atividade em Santo André. Estamos trabalhando fortemente para melhorar cada vez mais a qualidade de vida das pessoas com deficiência e ajudá-las a se conscientizar de que todos somos capazes. Muitas vezes, podemos superar limites estipulados anteriormente. Nosso papel é ajudar nessa superação por meio de políticas públicas como esta”, afirma Alexandre Francisco, o Xande, assessor de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência do Departamento de Humanidades da Secretaria de Governo de Santo André.
Ambos os projetos recebem patrocínios por meio da Lei Paulista de Incentivo ao Esporte, que, desde 2011, possibilita empresas a destinar recursos devidos do ICMS para estas iniciativas esportivas, aprovadas pela Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo. Para participar, as pessoas interessadas deverão marcar teste prático de avaliação pelos telefones (11) 4993-0619 ou 4427-5240, entre os dias 16 e 20 de janeiro, das 9h às 17h.
Serviço:
Natação destinada a
 pessoas com deficiência física e visual
Teste para avaliação: De 16 a 20 de janeiro

Endereço: Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia – Rua São Pedro, nº27, Vila Pires, Santo André 
Informações: (11) 4993-0619 ou 4427-5240

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

É TEMPO DE FÉRIAS


O Papai Noel e a virada do ano passaram, é chegada à época de férias.
Lembro-me muito bem quando criança que nesta época batia uma nostalgia da turminha da escola que ficou pra trás, daqueles momentos vividos no primário que eram tão interessantes, período da vida em que tudo era novidade, tudo era aprendizado. Aquela pessoa que nos ensinava o abecedário e nós chamávamos de tia, seria depois a nossa professora e mais adiante ainda o nosso mestre.
Vou me sentir um pouco velho em dizer isso, mas, tudo bem; envelhecer é fazer história e a história deve ser contada. Na minha época de infância a Turma do Balão Mágico era o grande sucesso na TV e tinha uma canção deles que se chamava “Amigo e Companheiro”; a letra dessa música em determinado momento narrava exatamente como eram nossas férias, quando crianças.
Muitas situações em nossas vidas mudam apenas de endereço, de nome, mas na essência são iguais, e assim eram as brincadeiras de criança, as férias; mas comigo, teoricamente, seria diferente: afinal eu tinha nascido com uma deficiência. Hoje falamos de inclusão, acessibilidade, mas na década de 80 tudo isso era muito diferente. Para terem uma ideia, apenas em 2006 a ONU adotou uma nova lei, a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, a qual o Brasil só veio a ratificar em 2008. Com isso como acham que eram minhas férias? As pessoas com deficiência brincam? Passeiam? Viajam?
Bom, não saberei dizer a palavra exata para definir essa situação que vou colocar pra vocês, mas a que mais talvez se aproxime do que pretendo definir nesse momento é a palavra sorte. Agora ficou ainda mais confuso né? Como uma pessoa que nasce com deficiência usa a palavra sorte para definir algo? É simples, ou nem tanto simples, mas o fato é que em 1976 quando pouco se falava em deficiência – inclusão, então, nem pensar -, nascer com deficiência e a família rapidamente absorver o impacto da notícia do recém-nascido e dar a ele um direcionamento com toda naturalidade e o mais normal possível, fazendo com que seguisse os mesmos caminhos dos meus outros dois irmãos, deixando sempre muito claro os direitos, deveres e obrigações que me cabiam, foi ou não sorte?
Com o apoio de toda família, principalmente minha mãe, eu fazia tudo o que qualquer criança da minha idade na época fazia, claro com algumas adequações; afinal eu tinha uma limitação, não andava como as demais crianças. Mas, graças aos familiares e amigos, este não foi um impeditivo para que eu tivesse uma infância com brincadeiras, passeios, viagens e muitas lições de casa que as tias passavam nas férias.
Eu adorava soltar pipa; para acompanhar meus amigos, minha mãe colocava uma cadeira na calçada e me segurava em seu colo para que eu pudesse soltar a minha pipa; sentado no chão, eu jogava bolinhas de gude com a ‘turma da rua’, na verdade meus vizinhos. Sempre brincávamos juntos e formávamos então a Turma da Rua Manaus. Faço questão de destacar o Vinícius que era meu vizinho de muro, sem dúvida meu grande amigo e companheiro de infância. Adorávamos também rodar pião, bater bafo, mas o que mais eu gostava de fazer era de jogar futebol, futebol sempre foi minha paixão esportiva, a minha brincadeira predileta. Na época eu não usava ainda cadeira de rodas; minha primeira cadeira de rodas eu ganhei quando tinha 11 anos. Até então eu usava um triciclo, chamado de ‘tonquinha’ na época, e com essa ‘tonquinha’ eu fui um grande centroavante, fui Serginho Chulapa, fui o Careca, fiz mais de 1000 gols e muitos de bicicleta; afinal algumas bolas cruzadas pelos Vinícius passaram pelo meu pé e, ao bater no pedal, entrava no gol. Gol de bicicleta certo?
Bem, meus amigos leitores, é isso ai. Com deficiência ou não, férias são férias, vamos às brincadeiras, aos passeios e tudo mais que todos temos direitos. Com muito amor, criatividade e força de vontade tudo é possível. O ambiente em que vivemos deve ser adaptado para que possamos usufruir o melhor possível dele, ter deficiência não é sinônimo de doença, nem de reclusão e muito menos de abdicação das férias. Obrigado aos Vinícius, aos familiares e que todas as pessoas com deficiência tenham essa mesma sorte que eu tive e possam ter suas férias respeitadas. BOAS FÉRIAS.